"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

04 abril 2011

Amigo Obsessor


Ao contrário da crença geral, um grande número de casos de obsessão funciona como um chamamento ao trabalho.

Há casos de obsessão em que o espírito obsessor não vem agredir e sim pedir socorro.

Muitos espíritos sofredores não são maus, e ao se aproximarem de pessoas queridas, transferem a essas pessoas os sintomas de seu estado atual.
Dores que o espírito sente passam a ser sentidas por aqueles de quem ele se aproxima.

Esse tipo de obsessão é quase sempre o início de um saudável relacionamento, havendo inclusive casos em que o obsessor se transforma em protetor daquele a quem inconscientemente vinha obsidiando.

Aquela entidade que se apresenta como obsessor, muitas vezes é um companheiro de longa data que, por razões geralmente sem muita importância, teve um desentendimento com o obsidiado e vem perturbá-lo.

Isso se deve a falta de perdão de ambas as partes, mas a tão temida obsessão é uma grande oportunidade para que os desafetos se entendam, se perdoem e passem a ser amigos outra vez, após a solução do incidente entre eles.

Chamar um obsessor de amigo obsessor é uma tarefa difícil.

É preciso aprender a perdoar e principalmente a amar o semelhante.

A obsessão, além de ser o instrumento para a realização dos acontecimentos necessários ao cumprimento da lei de causa e efeito, é também um convite de renovação, de trabalho e de oportunidades para se praticar a lei do amor.

Aquela frase tão comum falada pelo povo de que “Deus escreve certo por linhas tortas” pode ser aplicada aqui. Talvez as linhas tortas sejam as oportunidades do embate, do entrevero entre as pessoas que dizem se odiar e que precisam de mudar os seus sentimentos e sublimar o amor.

Não se trata de escrever certo por linhas tortas, e sim usar de sabedoria ao colocar frente a frente criaturas que se amam mas que estão separados por pequenas coisas que lhes fizeram colocar para fora suas emoções negativas.

Aquela atitude violenta colocada em prática pelo obsessor ao tentar agredir o seu oponente, é instrumento maravilhoso de aproximação para se alcançar o perdão e a amizade do irmão agredido.

Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. De tanto aplicar o desejo de vingança e o ódio, acabará sublimando o sentimento e chegando ao amor.

Para que isso ocorra, é necessário a contenda. Podemos entender isso analisando o esporte. Dois lutadores que se julgam os melhores, só poderão comprovar isso se combaterem entre si, e o resultado apontará o campeão.

Deus deu a cada um o livre arbítrio e não proíbe nada. Mas permite, em sua sabedoria infinita, que os adversários se hostilizem, pois essa atitude fatalmente levará um dia ao entendimento entre eles.

Um dia não chamaremos o obsessor de espírito mau.

Diremos apenas: Seja benvindo, meu amigo, meu ex-obsessor.

(Ary Brasil Marques)


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